Um dia antes de o Brasil entrar em campo pelas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia, 150 crianças da Bahia entraram no campo da Arena Fonte Nova, palco de seis partidas da Copa do Mundo de 2014. O gramado em que crianças e jovens correm, pulam, batem bola e fazem gols é o mesmo que, durante o mundial do Brasil, passou a ser chamado de “Fonte de Gols”, com 21 só nos quatro jogos da primeira fase da Copa, com média de 5,25 por partida.
Meninos e meninas, com idade entre sete e 15 anos, têm a oportunidade, todas as terças e quintas, de alimentarem o sonho de se tornarem jogadores de futebol e de ter acesso a esporte e cultura. “Por enquanto, as crianças não treinam de forma esportiva de alto rendimento, mas é um incentivo que elas precisam para que daqui para frente venham a se tornar grandes cidadãos, para correr atrás dos seus sonhos”, diz o professor Fernando Rodrigues Brito.
As aulas são oferecidas pelo projeto Esporte na Cidade. A ação atende jovens dos bairros Dique Pequeno, Nazaré, Tororó e Ladeira dos Galés, comunidades do entorno da Arena, na região central de Salvador. Para participar, as crianças precisam estar na escola. As aulas são oferecidas no contraturno escolar.
Para Yasmin Nascimento Santos, de nove anos, participar das aulas tem gosto especial, pois é torcedora fanática do Bahia. “Acho muito legal participar do projeto aqui dentro do estádio. Gosto de futebol, porque o meu pai me ensina a jogar na minha casa, e ele até criou um espaço para a gente brincar. Jogar dentro do estádio é um privilégio”, conta.
“Temos aqui crianças que moram perto. Muitas viram parte do antigo estádio desmoronar, há cerca de dez anos. Por sinal, temos aqui filhos de profissionais que trabalharam na reconstrução da nova arena. Para muitos, ver os filhos jogando bola nesse gramado é um sonho que se tornou realidade”, afirma Rogério Alexandre Santana, coordenador do projeto.
Inclusão e diversão
Na Arena são desenvolvidas atividades coletivas, lúdicas, recreativas, técnicas e cognitivas, sempre com o futebol como ponto de partida. A proposta é buscar a interação entre as crianças, estimular a diversão e a inclusão na busca da amizade.
André Ferreira de Jesus, de 13 anos, é conhecido na Arena Fonte Nova como CR7. Assim como craque português, é ágil com a bola, goleador e com corte de cabelo estiloso. Morador da Vila Paraíso, ele vai às aulas andando. “Fiquei emocionado na primeira vez que entrei aqui. É um sonho participar de um projeto de futebol assim. Como todo mundo mora perto, acabo conhecendo a maioria dos meninos que participam do projeto”.
“Isso aqui é um sonho para as crianças, para os pais e para a organização De Peito Aberto. Desenvolver um projeto em um estádio de Copa do Mundo é uma satisfação para nós. É uma alegria ter um espaço de alto nível para desenvolver as nossas aulas”, diz Rogério Santana.
As aulas são oferecidas pela Organização De Peito Aberto Incentivo ao Esporte, Cultura e Lazer, com patrocínio do SporTV, em parceria com a Arena Fonte Nova. A ação é viabilizada com recursos captados por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, do Ministério do Esporte.
“Sem a Lei de Incentivo ao Esporte essas crianças não estariam aqui hoje realizando o sonho, porque o mecanismo legal proporciona aos nossos patrocinadores desenvolver ações com impacto social. A Lei é primordial para que os projetos saiam do papel”, avalia Santana.